quarta-feira, 27 de junho de 2012

Fatal


     E então, em meio a um abraço, meu punhal perfurou pele, gordura, músculos, abriu algumas dezenas de vasos sanguíneos e finalmente encontrou os tecidos vitais que procurava, causando um estrago quase instantaneamente fatal.
     O corpo mole caiu aos meus pés e a roupa de linho branco, ensopada de sangue, estava colada na ferida recém-aberta.  A respiração se manteve calma até o momento em que o líquido obstruiu a garganta e passou a também sair pela boca, formando um filete vermelho vivo no canto do lábio.
     Ciente do meu êxito, olhei para o rosto da vítima durante os seus últimos segundos. Os cantos da boca lentamente se curvaram para cima e os olhos cintilavam com um brilho meio tétrico, como se desejassem aquele momento. Ela queria ser morta.
     Talvez não tanto quanto eu queria matá-la. Saudade.

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