sábado, 18 de junho de 2011

Carta ao amor distante

Querido D, (não sei se ainda posso te chamar assim)
Não sei muito bem como começar essa carta. Para falar a verdade, sei muito bem o que me motivou a escrevê-la e o que estava sentindo quando peguei caneta e papel, mas, como você já sabe, as palavras nunca foram minhas amigas. Talvez essa seja uma ótima explicação para a sua partida, para como as coisas terminaram entre nós.
Folheando meus antigos álbuns de fotografias, descobri uma coisa sensacional! Observar nossos semblantes ao longo dos anos que estivemos juntos me levou a uma conclusão interessante: nunca fomos felizes. E quando digo “felizes”, quero que você leve em consideração os pormenores da palavra, quero que você adéque o seu sentido ao nosso contexto. Esse estilo de vida a dois nunca sorriu para nós.
O problema é que, quando disséramos adeus, partimos em busca de algo inalcançável, iniciamos uma jornada ao impossível. O balão inflável do sonho nos levantou só a poucos centímetros do chão e agora estamos no mesmo lugar, pairando. E a verdade é mesmo essa: sozinhos somos como duas massas no Espaço, vagando sem rumo.
Se você não entendeu até agora o objetivo dessa carta, serei bem clara: quero que você volte. Peço isso sem pudor, ao contrário do que você provavelmente vem pensando desde o início da leitura, porque sei que a sua situação é tão lamentável quanto a minha. Já provamos para sua família, para a minha vizinha, para o cosmos e até para nós mesmos que podemos viver um sem o outro. E, de fato, nós podemos. Mas não queremos, ou melhor, eu não quero.
Não te prometo mundos e fundos, e muito menos felicidade (que pretensão seria a minha!). O que tenho a te oferecer é um caderno em branco, para ser preenchido a duas mãos, de preferência.
Sempre sua (e quando eu falo isso, sei que você sabe o que eu quero dizer),
B