E então, em meio a um abraço, meu punhal perfurou pele,
gordura, músculos, abriu algumas dezenas de vasos sanguíneos e finalmente
encontrou os tecidos vitais que procurava, causando um estrago quase
instantaneamente fatal.
O corpo mole caiu aos meus pés e a roupa de linho branco,
ensopada de sangue, estava colada na ferida recém-aberta. A respiração se manteve calma até o momento
em que o líquido obstruiu a garganta e passou a também sair pela boca, formando
um filete vermelho vivo no canto do lábio.
Ciente do meu êxito, olhei para o rosto da vítima durante os
seus últimos segundos. Os cantos da boca lentamente se curvaram para cima e os
olhos cintilavam com um brilho meio tétrico, como se desejassem aquele momento.
Ela queria ser morta.
Talvez não tanto quanto eu queria matá-la. Saudade.