É se sentir sozinho quando há vários amigos em volta. É abraçar um desconhecido e querer ficar lá, semimorto entre os braços da pessoa. É ver vários filmes e não conseguir se identificar com personagem nenhum. É estar tão apático que nem chorar consegue mais. É estar tão afundado e sufocado que nem dá vontade de vir à tona para dar umas respiradas. É ouvir palavras e palavras e palavras e nem se interessar em encontrar significados para elas. É ter um colchão muito pesado em cima do peito, com crianças pulando em cima sem parar. É não conseguir nadar nem a favor da maré. É querer fechar os olhos no meio de uma conversa ou se imaginar deitado no asfalto quente que tem ali perto. É levar uma rasteira da sua última esperança. É estar tão costurado na realidade que levantar vôo pro céu de estrelas não é mais possível. É notar que você já não respira faz tempo, só que continua boiando entre a superfície e o fundo. É ver a linha de chegada sair correndo sempre que você chega perto. É se deparar com um você que não acredita mais nas histórias que você conta. É perceber que, em um banquete de sentimentos, você se serviu dos piores, dos mais fúteis, dos mais mesquinhos, e que engoliu cada um deles com boca de glutão, nem digeriu. É se sentir a peça menos importante de um quebra cabeças, tipo aquele pedacinho de céu que é igual a vários outros. É se sentir ridículo, extremamente desconfortável com essa versão de você mesmo que você criou. Ou que as pessoas criaram, sei lá.
agradeço se você parar de fazer textos que me fazem pensa/chorar/sentir. grata.
ResponderExcluirps: tá foda ok